terça-feira, 22 de março de 2011

esperar

sentado, de mãos entrelaçadas, fita o horizonte como quem fita um futuro distante e confuso. os barcos desaparecem, trespassando aquela linha que separa os dois azulões, o mar e o céu. ele, sempre pensou que o mar era da mesma matéria do céu, ainda hoje o acha. as nuvens são como a areia. mas hoje, ele não pensa nisso. ele respira lentamente, parece esperar algo. e espera. mas o que espera não sabe, e é disso que se alimenta a sua tristeza. ele espera, espera, mas porquê esperar? ele gosta, é bonito e segundo dizem, quem espera sempre alcança. não saber qual é a meta, é um não saber que lhe faz cócegas na garganta. expira o ar, e um vapor acompanha as palavras. estava frio. ele via no mar, o que se via nas estrelas do céu. mas queria esperar... esperar porquê? esperar por ela, parece-lhe bem.

sexta-feira, 4 de março de 2011

colors

irregularidades


e foi tudo numa folha papel. numa folha de papel tão igual ás outras que aquele enredo começou. foi por lá que deslizaram as pontas de lápis afiado e fino, traçando linhas curvas tão irregulares. foi assim que tudo começou. não havia palavras, havia apenas a linguagem não falada, o cruzar de olhos insistente e os sorrisos delineados na face. havia apenas o mordiscar do lábio, o nervoso bater de coração. havia apenas, um tão pouco que se tornou em tudo. havia apenas riscos rabiscados , separadamente , paralelos que ao mesmo tempo se cruzavam entre si. era iso que nós eramos, paralelos que se cruzavam entre si. havia traços ondulados, nada parecia certo. ninguém sabia como executar o primeiro passo, estavamos parados e os pés pareciam presos ao chão, tal como os nossos corações estavam presos um no outro. e depois, depois havia vazio. havia branco. o silêncio tornou-se maior e os olhares mais insistentes. e foi aí, que aprendi o que era amor.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

não te vou esquecer

foi há quanto tempo ? há muito, mas recordo-me tão bem como me recordo que na noite de ontem, tive dificuldade em adormercer a pensar nisto, a pensar em ti, a pensar em mim, a pensar em nós e no amor que já existiu nos nossos corações. sabes, o meu ainda o guarda. foi há tanto tempo, que tentei esquecer-te, tentei limpar-te da minha alma. ainda foi há mais tempo, em que nós , eu e tu, eramos um só. um só que se erguia todas as noites, para iluminar o céu. sempre achei que a lua tinha inveja de nós. mas agora, exibe o seu brilho sobre mim que transforma as nossas memórias em lágrimas que escorrem levemente na minha face. penso na altivez que já tivemos, na grandeza que conseguimos ter em nós, na felicidade causada apenas pelo tocar. eu guardo isso tudo na minha caixa de memórias, no meu coração. penso que mais tarde, tudo isto será motivo para sorrir e relembrar os bons velhos tempos. penso que será um facto, eu contar aos meus filhos e aos meus netos isto tudo que aconteceu entre nós. e vou começar agora, a lutar para isso. vou lembrar-te como uma recordação feliz, não vou chorar pelo que já foi feito. tudo isto me fez crescer, sabes.  não vou te esquecer, mas vou relembrar-te com vontade.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

queen of anything


querer ser rainha sem ser princesa é como querer ser leão sem ter juba. é como escalar apenas o fim da montanha e não no começo. é querer ter tudo e não ter nada. querer ser rainha sem ser princesa. é não querer lutar pelo topo, e querer tudo numa mão aberta pronta para dar o que carrega. é chegar ao andar de cima sem subir os degraus. é não ter vivido o presente a pensar no futuro, é trabalho adiantado mas mal feito. é uma construção aparentemente sólida, mas que ao mínimo sopro de vento se desmorona. é ser forte, sendo fraco. é querer muito sem o pouco conhecer. é querer apenas o que não tem, para mais tarde o não querer. é desejar o longe, para depois o mais perto não conseguir esquecer. é apenas querer ser rainha, sem princesa ser. é não anciar o desconhecido depois de o conhecer. é não ter bases para chegar a cima. é querer e não lutar para o conseguir.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ainda se lembra,


ele ainda se lembra dela. da sua postura tão direita. lembra-se do cabelo entrançado, caído. lembra-se das mãos cruzadas e a perna por cima da outra quando se sentava. ainda se lembra dos sorrisos tímidos que trocavam os dois, nas tardes de primavera. lembra-se dos ombros descobertos, e do corpo envolvido em vestidos florais. ainda recorda a voz doce e melosacom que ela dizia o seu nome. sim, ele ainda se lembra dela. da sua feminidade, dos seus lábios encarnados que lhe acariciavam a face. da delicadeza com que dançava, descalça. ela. tudo em volta dela. os rodopios e saltos na relva. ele ainda se lembra. como poderia esquecer, os seus braços encaixados nela e dos corações cheios que quase não cabiam no peito. ele ainda se lembra dela. só não queria poder lembrar-se que já não a tem.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

amor ou destruição?

tinham passado apenas 30 segundos de que Brian abandonara aquela sala, ainda se ouvia o eco dos gritos da sua voz grossa bater nas paredes. foram precisos apenas 5 minutos para que uma relação tão antiga, de há tantos anos, acabar. Capricorn, ainda estava sentada na borda cama, ao seu lado estavam espalhadas cartas e fotografias, ainda cheirava a um amor que tinha amargurado ao longo que os anos, cada vez mais longos, decorriam. tinham passado apenas seis anos, de que Capricorn e Brian tinham cruzado os olhos na esplanada do café. Capricorn, uma jovem de 19 anos,  lia, sentada numa mesa, e Brian, um rapaz de 21 anos, tão puro e inocente como a sua idade premitia.  sim, apenas seis anos, para que onde existia amor, se instalasse destruição. apenas seis anos, para que o vento soprasse e limpasse o coração de Brian.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ás vezes sentimos que tudo nos escapa das mãos. ás vezes as lágrimas embaciam-nos os olhos e os problemas fazem-nos esconder o sorriso. ás vezes só nos apercebemos que o caminho que seguimos é errado quando ele já está quase percorrido. ás vezes a tristeza rouba-nos a voz e faz-nos gritar o nosso sofrimento aos sete ventos que os levam para longe, contando a nossa história a pessoas distantes, a mundos distantes. ás vezes fazemos uma tempestade num copo de água. mas quem disse que esse copo de água não é do mesmo tamanho ou até maior que a tempestade? ás vezes a felicidade não nos alcança no momento esperado. mas, afinal, somos nós que não a alcançámos. ás vezes apetecenos desistir. somos fracos? não, o sofrimento causado por exteriores não nos deixa persistir, mas não nos vamos embora, apenas paramos para recuperar as forças. ás vezes está tudo mal e nada está bem, mas basta-me olhar o sorriso de quem me faz feliz e ouvir as palavras verdadeiras de quem me ama, que tomo consciência de que tenho todas as razões para ser feliz, levanto a cabeça e finalmente, as nuvens dissipam-se e deixam finalmente, o sol brilhar. e aí, eu apercebo-me de que quando levo os verdadeiros amigos comigo, todo o caminho é o certo, porque sei que quando tropeçar nas pedras, eles vão estar lá para me levantar. o mesmo farei com eles.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011